Talvez a uma das dúvidas mais comuns no setor de som automotivo, é saber a potência em RMS que se deve utilizar e aplicar em alto falantes.
Um dos fatores que contribuem muito para isto, é que mesmo instaladores experientes têm opiniões distintas.
Vamos mostrar algumas informações e dicas para que saiba escolher corretamente o valor em rms do amplificador à ser utilizado desde drivers e super tweeters até woofers e subwoofers.
Qual potência RMS usar/aplicar em alto falantes? Devemos utilizar o dobro da potência em RMS (potência de pico) ou o valor nominal (rms).
Antes de começar, precisamos entender primeiro – de maneira bem simples – de como os alto falantes interagem com os amplificadores.
Quando é aplicada uma energia no alto falante, esta energia em grande parte é transformada em calor e a outra parte é transformada em som, logo, a quantidade de energia é proporcional a quantidade de calor que será gerada.
As fábricas realizam testes nos alto falantes, para saber o quanto de energia o alto falante consegue dissipar e trabalhar continuamente sem sofrer danos.
Deste modo, saberemos a quantidade de energia que o alto falante suporte, sem queimar, ou seja, sabemos o valor em RMS deste alto falante.
É importante saber também que neste teste, é utilizado como base o ruído rosa, que serve para forçar ao máximo este alto falante.
Ou seja, um alto falante de 100w rms, suporta sem sofrer danos, 100w rms contínuos.
Porém, este “esforço” que o alto falante faz, não pode ser comparado ao seu uso com músicas (uso no dia-a-dia),onde sempre temos intervalos entre notas musicais, batidas, , etc., onde este esforço é menor (e consequentemente a quantidade de calor gerada).
Deste modo, por causa do teste, já temos como base os limites do alto falantes, porém também sabemos que em condições normais o esforço do alto falante é menor em relação ao teste.
Outro ponto importante é saber se potência do amplificador é responsável ou não pela queima do alto falante.
Por isso temos que entender o que acontece para um alto falante queimar.
Por que um alto falante queima?
A informação mais comum é que a principal causa de queima de alto falantes é a distorção, é que não é errado, porém o fator principal, que sempre que o alto falante queimar ele estará presente é: ultrapassar a temperatura do condutor.
Veja também: Como os alto falantes queimam? Como evitar?
Como assim? Os alto falantes são aparelhos bem simples, que têm todo o seu funcionamento voltado a um fio elétrico (clique aqui e veja como os alto falantes funcionam).
Quando este fio elétrico tem sua temperatura limite ultrapassada, ele perde sua condutibilidade.
Nos alto falantes, eles param de funcionar.
Fatores como: Distorção, regulagem errada, caixa errada, etc.
São fatores secundários que juntamente com a quantidade elevada de energia, fazem com que o fio elétrico tenha a sua temperatura de trabalho ultrapassada com maior facilidade.
Escolhendo a potência rms do módulo amplificador:
Para fazer isto, podemos separar os alto falantes em dois tipos:
O primeiro será composto por alto falantes de baixa potência RMS de até 300w rms, como alto falantes de porta, alto falantes 6×9, drivers, super tweeters e etc.
O segundo será composto com alto falante mais fortes, de mais de 300w rms, como woofers e subwoofers.
Veja também: Como escolher o melhor módulo amplificador para meu som automotivo?
Qual potencia rms aplicar em drivers, tweeters, alto falante 6×9, alto falantes de porta e etc (até 300w rms):
Nesse conjunto de alto falantes, temos modelos que não possuem um conjunto magnético com ótima capacidade de dissipar o calor (por fatores como matéria-prima utiliza, diafragma pequeno e etc).
Mesmo nos intervalos das músicas, onde, é gerada uma menor quantidade de calor, eles não conseguem diminuir sua temperatura de trabalho (do condutor)em relação aos testes realizados para informar o valor em rms (com ruído rosa), e por causa disto é recomendável utilizar até 100% do valor em rms no módulo amplificador nestes alto falantes.
- módulo mais fraco (até 30%): Menor risco de queima destes alto falantes, porém menor desempenho sonoro e menor custo x benéfico.
- módulo igual à potência rms do alto falante (100%): Maior desempenho e custo x benefício do sistema.
- módulo mais forte: Alto risco de queima, devido a maior quantidade de calor que será gerada e o alto falante conseguirá dissipar, elevando a temperatura do condutor.
Escolhendo a potência do amplificador para Subwoofers e woofers com mais de 300w rms:
Neste conjunto de alto falantes, temos modelos com ótima capacidade de refrigeração da bobina, com isso nos intervalos das músicas onde é gerada uma menor quantidade de calor, a bobina se resfria e trabalha em uma temperatura menor em relação ao teste realizado com ruído rosa.
Sendo assim, para alcançar o máximo de desempenho deste alto falante em comparação ao teste, devemos aplicar uma maior quantidade de energia neste alto falante.
Quanto de energia?
Depende do modelo, porém geralmente é em torno do dobro do valor em rms do alto falante, a “potência de pico”.
- módulo mais fraco (até 30%): Não recomendável. Ao utilizar um módulo mais fraco em alto falantes de alta potência, começamos a ter problemas no módulo amplificador. Ele esquentará mais, mandará mais distorção e terá um alto risco de queima dos alto falantes. (veja mais: Alto Falante mais forte que o módulo compensa?)
- módulo igual à potência rms do alto falante (100%): Menor consumo.
Módulo com o dobro do valor em rms do alto falante (conhecido como headroom):
- módulo mais forte (dobro da potência): Maior rendimento do alto falante e melhor custo x benefício do sistema.
- módulo mais forte que o dobro da potência: Alto risco de queima e baixo custo x benefício. Indicado somente para competidores de medição SPL.
Utilizar um módulo com o dobro da potência do alto falante, é o ideal em alto falantes mais fortes.
Evite utilizar módulos mais fracos em alto falantes de alto valor em rms
Usar alto-falantes com potência muito superior à dos amplificadores não é apenas desperdício de dinheiro e alto risco de queima por excesso de distorção.
É também um sério risco para a durabilidade e desempenho dos amplificadores.
Alto Falante mais forte que o módulo amplificador
”Embora já esteja bem claro que falantes precisam de amplificadores com boa sobra de potência, alguns usuários insistem em fazer justamente o contrário, usando falantes de alta potência com amplificadores de potência muito baixa.
Exemplo:
- 2 falantes e 600 watts RMS ligados a um amplificador de 1.000 watts RMS em 4 ohms.
- Ou 8 falantes de 800 watts ligados à um amplificadores de apenas 5.000 watts em 2 ohms.
Teoricamente, o único problema mais óbvio desta prática seria o risco de queima dos falantes por excesso de distorção e a obtenção de um baixo desempenho sonoro do sistema, mas não é só isso!
Utilizar falantes muito mais potentes que o amplificador pode causar também problemas de impedância e, consequentemente, superaquecimento de qualquer amplificador.
E por quê isso ocorre?
Projetos tanto de amplificadores quanto de alto-falantes levam em consideração a temperatura ideal de trabalho.
E o que poderá surpreender alguns, é que esta temperatura ideal de trabalho é bem alta!
E precisa ser alta, pois é da diferença entre a temperatura interna de operação do equipamento e a temperatura do ambiente em que vivemos, que se consegue o maior resultado de eficiência global de um sistema (isso é explicado em detalhes pela segunda lei da termodinâmica).
Com isso, a evolução da técnica dos alto-falantes tem se valido cada vez mais deste quesito para sua refrigeração e controle da impedância dos mesmos e, paralelamente, explica na prática porque não devemos ligar alto-falantes de grande potência em amplificadores de baixa potência.
Se o falante possui então uma faixa de temperatura ideal de funcionamento que permita que ele atinja a impedância mais próxima de sua especificação, cabe ao amplificador proporcionar isso.
Somente um amplificador de alta potencia e utilizado em regime adequado à potência do falante e do sistema, é capaz de manter um falante em sua temperatura ideal de funcionamento, onde sua impedância média atenderá às normas não sobrecarregando o amplificador.
Quando ligamos um amplificador de menor potência em alto-falantes de grande potência, este falante trabalhará consequentemente em uma temperatura muito baixa e apresentará uma impedância média que chega tipicamente perto dos 2,7 ohms (para um alto falante de 4 ohms, e 6,2 para um de 8 ohms).
Baixíssima!
Como consequência, o amplificador se protegerá desta situação acionando seus sistemas de proteção e superaquecendo-se.
E, como se não bastasse, o circuito de proteção pode gerar grandes distorções na saída do mesmo danificando o falante com movimentos não lineares.
Quando, ao contrário: colocarmos um falante de menor potência ligado a um amplificador com potência de sobra adequada, primeiro ele atingirá sua temperatura ideal de trabalho sem agredir o amplificador e, segundo, por ser um falante mais leve será mais eficiente, recompensando o sistema com menor custo e maior durabilidade geral.
Portanto, utilizar falantes de alta potência em amplificadores de baixa potência, é certamente a causa prática de grande parte dos problemas de desempenho e durabilidade de um sistema, em vários âmbitos diferentes.
Tanto no momento em que o amplificador é exigido em seu limite (gerando distorção e queima dos falantes), quanto nos momentos em que ele está, aparentemente, trabalhando com folga (gerando baixas impedâncias e superaquecimento do amplificador).
É notório que certos fenômenos práticos podem colocar por terra mesmo as mais complexas teorias.
E é aí que muita gente, mesmo as mais bem informadas, cometem equívocos enormes e geram problemas aparentemente sem explicação ou solução em seus sistemas
O áudio é um grande exemplo de que o que dá certo na teoria nem sempre dá certo na prática.
Por este motivo, alguns fenômenos como este que acabamos de descrever tem surgido comumente em sistemas e vem sendo mal contornados ou mal compreendidos.
E muitos nem se dão conta que estão experimentando este tipo de problema.
Fiquem atentos e sempre dimensionem corretamente a relação de potência entre falantes e amps! Só assim um sistema se torna eficiente e lucrativo.
Só assim o dinheiro investido em equipamentos retornará para seus bolsos.
Numa situação 2, onde temos um sistema básico, como:
Alto falantes de porta, drivers e tweeters de baixo valor em rms.
Conseguimos utilizar um amplificador de menor valor em rms com menor risco, pela baixa capacidade de dissipação de calor do conjunto, conseguindo chegar à temperatura ideal de trabalho com maior facilidade.
Outro fator que pode ajudar, é que alguns modelos saem de fábrica com valores de resistência elétrica mais próximos em relação à impedância nominal, como os alto falantes de 6 polegadas, que têm RE em torno de 3,8 ohms.
Veja também:
Qual Potência Escolher para o som automotivo?
Entusiasta há 14 anos no setor de Som Automotivo e ex-competidor SPL. Participante dos cursos EstudodoÁudio (Renan Lopes) e Curso Avançado de Áudio (MayaSounds).
Agora eu entendi! Com um alto-falante trabalhando na temperatura ideal a sua impedância se mantém estável na nominal, se for alimentado com um amplificador de igual potência ou maior. Só que temos uma outra relevância. Que é o aquecimento da bobina do alto-falante, que quanto mais aquecida estiver, maior será o valor da resistência e da impedância, fazendo o amplificador enviar menos potência por causa do aumento da impedância do alto-falante. E quanto mais quente ele estiver, vai perder mais rendimento, a tal de compressão dinâmica. Aí se forçar no volume do player vai tocar mais, porém vai aquecer mais, podendo fazer a bobina super aquecer até queimar.