Caminhão Estranho | Racha de Som Automotivo

Hoje vou dar algumas informações, sobre um dos sistemas mais famosos de som automotivo: o Caminhão Estranho!

O projeto foi muito aguardado, pois de certa forma, era uma versão maior e mais forte do Paredão Estranho, um sistema que chamou atenção pelo seu arranjo diferente, mas também por fazer páreo com paredões/caminhões bem maiores, fazendo um enorme sucesso nos rachas de som automotivo.

A força do Paredão não era por acaso, onde o dono Thiago, utilizou de todo o conhecimento teórico para realizar diversos testes práticos em alto falantes, nas caixas, na elétrica etc, que com o tempo, foram se juntando com a experiência nos rachas.

O resultado foi uma evolução constante do projeto e a criação de novos conceitos no setor de som automotivo.

Conceitos que estão presentes no Caminhão Estranho e vamos falar um pouco sobre eles.

Caminhão Estranho

O Caminhão Estranho começou no final de 2019, ficando pronto em meados de 2020.

Segue a mesma linha de pensamento do Paredão Estranho, um sistema som compacto na sua parte frontal, com os alto falantes das vias extremamente juntos, facilitando o acoplamento das vias e proporcionando menos perdas sonoras.

Apesar de ser maior, montado num Delivery da Volkswagen, o tamanho lateral do Paredão é exato para ele conseguir tocar andando e ser manobrado de maneira tranquila nas ruas, não possuindo as famosas asas ou abas laterais.

Ou seja, ele pode ser utilizado em diversos eventos, desde encontros de som, rachas de som, comícios políticos, carnavais, festas etc. Tudo parece ser extremamente pensado, da escolha de um parafuso até o modelo do caminhão.

Em relação às melhorias ao paredão estranho, podemos começar pela coluna de drivers.

Drivers do Caminhão Estranho

No paredão, ela ficava na parte da esquerda do paredão para manter os médios próximos e com melhor acoplamento, aparentemente com a ajuda do processamento de sinal, criou-se uma solução para manter o elevado acoplamento dos médios instalados em “profundidades diferentes” no arranjo e ainda se ter a coluna de drivers no meio para melhor SPL em rachas de frente, onde o público fica concentrado no meio.

Os 72 drivers de 1 polegada, deram espaço para incríveis 96 drivers.

Além disso, houve uma grande atualização, os modelos JBL deram espaço para modelos que não são fáceis de se encontrar.

No centro, parece que o Thiago encontrou um driver de maior desempenho com garganta de 1 polegada, são 48 drivers desse modelo.

Nas colunas laterais, o modelo é mais forte, com motor e reparos ainda maiores, sua garganta acaba ficando com 1,4 polegadas, possui características parecidas com o modelo que saiu de linha pela QVS, o Qsn 950ti, que chegou a custar 1000 reais cada. São 48 drivers também.

Sendo assim, o modelo menor fica responsável por responder uma parte mais alta das frequências, e o modelo maior, um região um pouco mais baixa.

Ou seja, apesar de não parecer, podemos dizer que caminhão estranho, ao contrário do paredão, é um sistema 4 vias.

Outro diferencial dos modelos dos drivers, são seus motores com ímãs de neodímio.

Essas ímãs, são bem mais fortes que os modelos de ferrite comum, gerando muito mais SPL e qualidade sonora, porém uma das grandes vantagens desse driver e que foi utilizada a risca pelo caminhão, é o aproveitamento de espaço para extrair um acoplamento de frequências absurdo.

Veja um exemplo de um paredão com driver de 2 polegadas e ímã de ferrite:

É comum termos um driver tão forte, que o próprio ímã do motor acaba sendo gigantesco na parte de traz, o que obriga a instalação mais distante dos centros dos drivers, o que piora o acoplamento, seja ao colocar mais drivers na parte de cima ou lateral.

Outra vantagem e diferencial é que os drivers estão totalmente juntos, e não separados em 2 ou mais colunas, isso diminui brutalmente o cancelamento de frequências mais altas.

Se seguirem a linha de pensamento do Paredão estranho, os próprios reparos também receberam melhorias, contando com reparos de poliimida, material que era pouco utilizado no mercado brasileiro e que de acordo com testes, realizados pelo próprio Thiago, tem maior resistência mecânica que os de titânio, além de suportar maior quantidade de energia.

Eles são combinados com guias de ondas, que apesar de apresentar menor SPL em testes com somente um driver, são muito mais eficientes ao serem utilizados em drivers em grande quantidade e alinhados na vertical, onde as lentes proporcionam um efeito de maior cancelamento pela dispersão.

Ou seja, a palavra de ordem nas altas frequências do caminhão, é diminuir o máximo de cancelamentos e o resultado é que temos uma resposta de muita pressão sonora nas frequências na qual o ouvido humano tem grande sensibilidade, que é a região da voz.

Veja, alguns dos possíveis pontos fracos para quem deseja encarar essa pedreira, ou ate mesmo possíveis melhorias que podem surgir no próprio caminhão, o que pode ser complicado, pois como dito, a prática pode ser bem mais complicada que a teoria.

Vamos lá:

• As características do conjunto motor e reparo em questão, atende melhor frequências mais altas que em comparação à um driver fenólico (assim como o driver titânio) de 2 polegadas, mas mesmo o modelo de 1,4 polegadas, tende a se sair pior nas partes mais baixas, como, por exemplo, em músicas com vozes mais encorpadas.
• O incremento dos graves, aumentou a altura da posição dos médios e drivers, o que na teoria piora o SPL para quem está em pé e próximo, pois ficou um pouco acima dos ouvidos. Isso diminui com o angulo “basculação” da caçamba, mas podemos ver futuramente drivers na frente ou o arranjo das frequencias altas com ajuste de altura ou regulagem.

Médios do Caminhão Estranho

Na região dos médios, temos 80 médios de 10 polegadas da Triton, e como dito, seu posicionamento é bem peculiar e mudou em relação ao paredão estranho.

Além disso, eros utilizados os modelos XRL800, e agora são os MG510, onde mudaram principalmente algumas características do conj. móvel.

Outras características continuaram, como:

• grande quantidade médios juntos para melhor acoplamento e em uma boa altura;
• Caixa selada para aumentar o range de resposta de trabalho dos médios;
• Um problema dessas caixas seladas, é que o conjunto motor esquenta mais do que na dutadas pois não há troca térmica do ar dentro da câmara com o de fora, o que foi solucionado com ventoinhas traseiras para diminuir a temperatura da bobina e a compressão por potência, mantendo o bom rendimento na utilização durante várias horas;
• Possui plug de fase feito em máquina CNC, rente ao contorno do cone, o que diminui o cancelamento de frequências altas que se chocam logo na curvatura da área frontal do cone, e para completar, na parte fronta possui um pequeno expansor para diminuir a distorção.
  Vale a pena lembrar que essa caixa acabou fazendo tanto sucesso que foi uma das propulsoras da criação da Estranho Audio Parts, onde a marca comercializa a mesma caixa ou conceito para quem quer ter alto desempenho.
  Uma das grandes vantagens dela, é que todas as proporções do plugue de fase já estão ajustados com as características da caixa, o que parece ser simples, mas não é.
  Ou seja, já sabe-se muito bem o desempenho e recomendações de cortes de frequência, isso é resultado de muitos testes. Esse ponto aliado a grande dificuldade na execução da caixa, fizeram algumas cópias que surgiram no mercado, não emplacarem.

Nos médios, fica difícil ver um ponto fraco ou possíveis melhorias, mas podemos citar:

• a utilização de médios com ímãs de neodímio, o que já é realizado no exterior. Vai aproveitar o maior SPL dos ímãs e maior qualidade musical.

Grave do Caminhão Estranho

Na parte dos graves de 15 polegadas, o modelo de alto falante é o mesmo, o Triton Shiver 3.8 1900 rms de 15 Polegadas, porém agora temos além da maior quantidade, caixas isobáricas.

Esse tipo de caixa existia no mercado há muito tempo, mas graças ao projeto do caminhão estranho, ela está muito famosa hoje em dia.

Ela tem o conceito de utilizar dois alto falantes em uma mesma caixa, um de frente para o outro, aumentando o controle do cone e fazendo com que a caixa precise de um menor volume interno.

Esse projeto não era muito comum, pois apesar de parecer simples de somente acrescentar um alto falante e tocar, é bem complicado difícil projetar uma caixa desse tipo e conseguir um melhor desempenho.

Após várias caixas isobáricas feitas e testadas, o thiago conseguiu o desempenho que queria, e melhorou uma caixa que já era muito forte, além de conservar algumas vantagens já conhecidas no paredão estranho como:

• os dutos triangulares, são exatamente as sobras das partes onde a área circular do cone não pega, ocupando pouco espaço frontal, além de fornecerem ótima rigidez estrutural;
• as caixas são extremamente profundas, fazendo com que a grande quantidade de ar dentro do horn funcione como um peso para o alto falante empurrar, conseguindo descer bastante a frequência;
• a posição dos graves próximos ao chão, melhora o desempenho das frequências baixas, pois diminui a área do espaço. Isso é muito utilizado em medições de pancadão, onde se utiliza suspensão à ar para aproximação com o solo, ou coloca-se a caixa literalmente no chão.

Agora com 30 graves, a região das baixas frequências consegue um excelente SPL, proporcionando um bom equilíbrio para o sistema.

Uma desvantagem é que a caixa isobárica com dois alto falantes não substitui a área de cone proporcionais a dois alto falantes instalados de forma comum, logo, em um paredão com uma quantidade próxima ou igual, deve proporcionar maior desempenho nessa região.

Outro fator é que pelo projeto de caixa e tamanho do alto falante, o sistema tem menos ataque que um projeto de 12 polegadas ou um sistema trio-mineiro, o que pode acarretar alguma desvantagem em alguns estilos musicais, na parte das baixas frequências

Com relação à evolução do projeto, podemos ter a utilização de graves de neodímio também, ou um troca/melhoria no próprio shiver, como um dissipador externo de alumínio, que já é utilizado em outros modelos.

Módulos Amplificadores, Instalação e periféricos

Além dos testes feitos com os alto falantes e caixas, temos os testes feitos com os amplificadores, utilizando quantidades de alto falantes pouco comuns e que não casam corretamente a impedância com a do módulo amplificador, onde de acordo com o Thiago, conseguiu uma melhor musicalidade.

Os 5 Modulos para o grave Stetsom Force Extreme e o 4 modulos taramps chipeo para o médio, são alimentados pelo sistema alta tensão, e os 4 Módulos Soundmax 12v 3.0 para os drivers, faz parte do conjuntos de alimentação 12v.

Com isso, conseguiu ter a ótima relação custo benefício dos sistemas hi-volt para os alto falantes mais fortes/pesados, e a ótima qualidade musical nas altas frequências dos módulos 12v.

Onde podemos destacar a utilização de marcas diferentes, ou seja, ele usar o que acha melhor para o projeto.

São aproximadamente 80 baterias estacionárias, que formam o conjunto de alimentação para o caminhão, onde se utiliza 64 baterias ligadas em s=erie-paralelo para atingir aproximadamente, 200v, no sistema alta tensão

Além das fontes usina 48v e 4 geradores.

Processamentos de sinal é feitos com processador DBX 360, mas o sistema funciona com multiprocessamento, oinde permite melhor direcionamento do sistema de acordo com o posicionamento do paredão no racha de som, além disso, o sistema basculante consegue direcionar os alto falantes um pouco mais para o chão, caso o público estiver muito próximo e o racha for de frente além do sistema de suspensão a ar para aproximar ainda mais os graves do solo e melhorar o desempenho, como é feito nas competições pancadão.

Tem também um computador, incontáveis mesas e periféricos para processamento, monitoramento e transmissão de sinal.

Fazendo com que ele consiga controlar as musicas, por exemplo, do próprio celular, sem precisar de um rack móvel.

Pensado em tudo

Além do alto desempenho, o Caminhão foi pensado para atender uma ampla gama de contratantes e considerando outras variáveis no evento, como:

Pode tocar na chuva

No evento pode chover e estragar ou diminuir a durabilidade dos componentes do paredão, o que pode fazer ter prejuízos ao tocar, pensando nisso:

• as caixas são feitas com MDF Ultra, material que conta com maior resistência a água;
• o chassis revestido com primer, para evitar a ferrugem;
• Capa sem costura central para evitar umidade;
• Estrutura externa toda em aço inox polido e ACM na parte interna das Caixas, evitando ainda mais o contato da água com a madeira, além de proporcionar um design diferente do paredão.

Manutenção e solução problemas

Outro ponto é a manutenção.

Nos rachas de som, é muito comum algum dos vários componentes apresentar algum tipo de problema, isso aliado a agenda de eventos cheia, onde se algo dar errado sexta, por exemplo, pode gerar cancelamentos e prejuízos no restante do final de semana, muitas coisas são pensadas para uma manutenção rápida:

• conexões de engate rápido para cabos e até fontes de energia;
• grande organização de todo o sistema para maior facilidade de identificação do problema e substituição;
• Estrutura do rack de baterias totalmente removível;
• Painel com instrumentos para leitura desde tensão das baterias à tensão de saída dos amplificadores;
• Periodicidade na limpeza e verificação de componentes